“É hoje o dia, da alegria
e a tristeza, nem pode pensar em chegar”
Samba enredo da União da Ilha /1982- Didi e Mestrinho
O Carnaval carioca é a maior festa popular do planeta. Em todos os bairros a alegria faz a festa e as tristezas e dificuldades do dia a dia são deixadas de lado. Fazer um carnaval é tentar administrar o caos, o reino do improviso, da espontaneidade e da inversão. Para Mikhail Bakhtin “O carnaval é a festa do tempo que tudo destrói e tudo renova”. Toda a folia fica sob a autoridade suprema do Rei Momo que é coroado e também destronado quando acaba a folia. O Rei da Folia administra o caos, onde senhores sérios se travestem de mulheres, adultos em crianças, crianças em monstros terríveis, pobres em nobres em uma inversão mágica de valores e anulação das barreiras entre as categorias sociais, embora com um tempo para tudo se acabar. De início eram apenas três dias, domingo, segunda e terça, em alguns casos até a meia noite de terça feira. Quarta na tradição religiosa seria para exorcizar a folia, e reverenciar as Cinzas. Com a mudança dos costumes e a influência do turismo o Carnaval não começa mais no domingo nem acaba na ilusão da Quarta Feira, o chamado Tríduo de Momo se estende por mais de uma semana para alegria dos cariocas. No Carnaval os “caçadores de imagens” vão para as ruas em busca da verdade que existe por detrás das aparências, interpretar a sabedoria carnavalesca. Seja nos blocos, seja nas escolas de samba seja na fantasia do folião solitário as imagens vão desvelar as manifestações da cultura popular onde se criticam todas as hierarquias e principalmente os costumes de uma época.